Ainda é cedo, tarde e noite demais
Para ofuscar tua imagem penetrante
Ha! Como pode o sol demorar-se tanto?
Como pode o vão passar das horas quebrar o encanto?
A dolência profunda do meu intimo saber
De que não sei, não quero e não devo
Privar-me do tremor que me ataca
De lapso, favo provocante
Da maciez dos teus lábios ferventes
Não, não tenho pudor!
Tenho suor, dor e anseio.
Do pulsar das veias que me formam
E se perdem, no aperto das minhas demências.
Ha! Como podes fazer-te tão ausente?
E presente na abominação do meu dia longo
Tiras-me a roupa, o tempo, a poupa
Da fruta enxuta com sabor de manhã
O liquido negro que perde meus olhos
É a saudade misturada ao meu batom borrado
Escute! São meus gritos lampejados
Com o triste sabor do pecado
E a esperança tola te ver-te novamente.
M.E.