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Poderia filosofar…

Talvez a melhor decisão do ser humano seja não se apaixonar, porém nunca se trata de uma decisão de fato, o fato é que transforma-se mais difícil a quem impõe essa decisão, na verdade nenhuma pessoa que diga “não me apaixonarei” irá demorar mais do que quem procura nova paixão. O acaso embriagado é quem move as paixões, nada lúcido transforma amizade em paixão, nada sóbrio transforma dor em prazer.

Mas pode-se sempre enganar um bêbado, fingir ter o que não tem, fugir do ter o que não se quer. Fugir de si próprio, inventar um novo sentimento e o chamar de paixão, amor… Não se faz do espinho uma flor, nem da flor um vazio completo. O que é já foi e tinha realmente de ser. Seja mal ou bem querer.

Eis que então o sonho habita a alma do ser que se dizia impecável, protegido por uma cápsula branca de remédio, amante do tédio e da solidão. Não. Nem que se queira vive-se dessa maneira. A alma e a dor andam lado a lado, nem mesmo o mais belo que o dinheiro pode comprar livra-te da dor de sentir, de não querer sentir, de querer sentir mas não poder de fato sentir. E de ter que parar de sentir, nada dói mais do que isso, nenhuma cicatriz interna é tão profunda, é permanente. Nada se esquece, por fora há apenas uma projeção falha do que realmente se é um ser. Humano.

O mel da vida é se apaixonar, o fel também. A raiva,  a solidão, o amor, o ódio, o rancor, a mágoa, o prazer, o sonho correm juntos, em círculos, dançando conforme a valsa lhes manda. E a valsa manda como um chefe sóbrio e injusto, o prazer forma par com o rancor, o amor com a solidão, o sonho com a mágoa e o ser, bem, consigo mesmo. Nada é mais triste do que se esquecer do seu próprio caminho, se perder em suas próprias vias coletoras. Onde o sinal é sempre verde, mas os acidentes são constantes.

O bom seria não se apaixonar…

Mas, que graça tem a vida sem sofrimento?

O homem pensa… e introspectivamente fica calado.

Não tem uma resposta…