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Consigo dizer no sábio de meus lábios

que já não provam do afago de uma boca amiga.

Consigo neles dizer o que dentre minhas veias corre?

Não se trata só de sangue, quero me fazer de desentendido

e procurar, dentre hemácias e glóbulos, uma ideologia qualquer,

um sentimento qualquer. Quero chegar e dizer-lhe que te quero,

mas de seus lábios só saem palavras confusas

que me dizem o contrário ou não do que sente.

Você é um enigma pra mim, um quebra-cabeça de sete mil peças

que não se encaixam de forma alguma, você é aquela incógnita

em uma equação matemática que eu não consegui resolver…

Pois então finjo que não ligo, finjo que não quero,

mas dentro de mim não sei fingir, algo conseguiu tocar

o que eu costumava chamar de coração.

Talvez não seja, mas talvez seja. Não sei dizer…

Entretanto, meu lábio te desejou por um instante

naquele diálogo despretencioso, sem motivo, sem sentido.

Controlei esse meu desejo, não me vejo no direito

de roubar o seu livre arbítrio agora.

Somos apenas amigos de mãos dadas, apenas confessores

de nossos pecados cometidos.

Todavia minha mente permanece no instante

em que meus lábios quiseram dizer por mim.