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Cessar, fechar os olhos

e num único instante parar de respirar

Procurar em marcas e florestas

a corda no pescoço pra se pendurar

Será que temos esse direito?

De fazer acontecer, de simplesmente acabar.

Não, não acho que temos

ou tivemos, ou teremos.

Nosso esforço dentre uma corrida

rumo a essa luz foi tão grande

que não podemos apenas desperdiçar

a chance de ver, sentir e sonhar,

mesmo que nela o brilho se mostre enfraquecido.

E no pessimismo do poema

de um poeta que soube, mas não sabe mais,

eu vejo, você vê, a covardia chamada coragem

na alma de versos escritos a mão.

Pois todos lêem sem nenhuma entrelinha

que a vida ali não fazia mais sentido

ou não parecia fazer.

Vejo-me refletindo

sobre as palavras mórbidas que li nesse instante.

E, na epifania de um jovem sonhador e frustrado

balbucio as palavras de um velho novo ditado

Não bebo deste veneno,

a vida aqui ainda faz sentido

e quando não houver um, eu o crio.

Observando morcegos em uma noite sombria.