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Tens em mãos algo bom.

Você não sabe o que é

Tampouco tem interesse em saber.

Mas… observe! É reluzente e traz guerra.

A guerra é rica fonte de renda,

Rica terra.

Ouro. Mais à frente, petróleo.

Rica terra.

Mergulham-nos em alho e óleo:

Um ponto no mapa que se enterra.

Um ponto no mapa. Apenas mais um.

É o que somos. Sempre dizem.

Beba deste cálice de sabedoria!

Por trás de toda propaganda,

Há uma frigideira a nos esperar.

Fritando os preconceitos, não.

Fumegando homens de peito

E crianças a sorrir e brincar.

Esse foi mais um dia de alegria,

O repórter disse na televisão.

Imaginando como seria sorrir,

Uma garota sonha.

E após deitar sobre a limpa fronha,

Ora.

É a prece de dias melhores.

“E dias melhores virão!”, reza a lenda.

A garota olha o mundo com bons olhos

Mas nunca vê o que almeja.

Proposital - Desigualdade, fome, abandono.

O abandono concreto de algo abstrato,

  • frutas, castiçais e bandejas -

Estava tudo no contrato,

Apenas mais um corpo sobre a mesa.

E boas qualidades,

Tais que as desconhece.

Garota triste, chora a desabafar;

Seus desabafos o vento leva

Transformando fome em pão.

Foi distante, e distalmente parou:

Aos pés de um pobre faminto,

Desejando a calmaria,

A paz de um mundo vilão.

Trepidantes, os rumores da sociedade.

Apedrejando prostitutas,

Batendo nas portas das casas,

Dê dinheiro e conseguirá seu lugar no céu! - gritam.

Com a caneta a arranhar o papel,

O contrato (aquele da morte sobre a mesa).

Mãos que seguram colheres a perfurar o doce,

É o dinheiro do povo, aquele doce de mel

Tamanha amargura, flamenjante como fel,

Que levam o saciar até a boca…

Veja! É o dinheiro do povo,

Que eles lavam tudo de novo,

Nessa época pós-forca.

A sobremesa acabou.