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Flor que se cheira, perfume não se esquece.

Mulher traiçoeira, que corpo não se merece.

Flecha certeira em papel sem valor.

O poeta da cor, o poeta do amor.

Poeta escreve com mãos já cansadas.

Menina padece, se diz apaixonada.

Poeta esquece

do livro, da cor, do poema incompleto.

Vive em poucas palavras o seu grande amor.

Ele voou.

Se enxergou, se reergueu, reencontrou…

E da menina fez sua rainha.

Botou-a em um pedestal e a venerou.

“Poeta não sou, poeta sou eu?

Se esse romance não foi eu quem escreveu?”

Foi Deus, foi Iemanjá, foram todos os santos,

da terra, do fogo, do mar e do ar.

Trouxeram em um manto menina princesa para cuidar.

Doou-lhe afeto, doou-lhe o espírito,

pediu sua alma em casamento.

Disse que não era rico, mas que iria ficar,

pois menina anjo, que chegou do céu como estrela cadente,

tem suas asas quebradas para cuidar.

O poeta, como em um sonho impossível de escrever em papel e caneta,

criou suas asas e voou com sua menina.

Nunca mais poesia, nunca mais versos incompletos,

poeta agora é servo e amante de um sonho real.